1. Porque você deveria ser contratado para esse cargo?
Surpreendentemente, essa é a pergunta mais factível de ser feita e também aquela que pega de surpresa os profissionais, que se revelam despreparados para responder.
A decorrência é que acabam balbuciando, de forma insegura, argumentos sem valor, como declarar-se um profissional comprometido, que trabalha duro, pontual, dedicado, estável e confiável. Esses atributos são louváveis, mas servem também para qualificar, por exemplo, o motorista da diretoria ou a babá que irá cuidar dos filhos do gerente.
Cuidado com a resposta, pois ela pode desencadear perguntas embaraçosas, como:
É sempre bom encontrar funcionários que trabalham com afinco. Dê um exemplo do quanto você trabalha duro, quando comparado com os seus colegas”.
ou
Trabalho duro usualmente produz resultados acima da média. Como era o seu desempenho quando comparado com o volume produzido ou a qualidade dos seus colegas”?
ou
Na nossa empresa, trabalho duro significa longas horas por dia e, muitas vezes, trabalhar também aos sábados. Como sua empresa atual define trabalho duro?
Note que o sucesso na conquista do emprego depende de estar preparado para competir. Essa preparação implica em:
- Conhecer profundamente o seu patrimônio profissional, sabendo quais as suas competências, realizações, habilidades e conhecimentos.
- Pesquisar (pesquisar muito) a empresa para a qual está se candidatando e identificar os fatores básicos que são críticos para o sucesso no cargo que estiver disputando.
- Cruzar os componentes de suas qualificações com os requisitos do cargo, identificando as suas experiências e realizações que demonstram a sua adequação para o mesmo.
- Discorrer sucintamente sobre esses fatores que o tornam especial para a missão.
Cuidado! Esteja preparado para a possível próxima pergunta:
Mas, se você possui todas essas boas qualidades, porque a empresa onde você trabalha não as está usando?
ou
Porque você foi demitido se você possui tudo isso de bom?
ou
Você fala em redução geral de pessoal para corte de custos. Quantas pessoas, além de você, foram demitidas no seu departamento?
2. O que aconteceu que há um período em branco no seu currículo?
O entrevistador pode compreender que você tenha encontrado dificuldades de se recolocar após ter sido demitido ou demitir-se de um emprego, pois há muitos fatores envolvidos.
Entretanto, sua resposta não pode criar a impressão de que esse foi um período de inatividade não produtiva, pois refletirá passividade e aceitação resignada da vida como desígnio de Deus.
Procure, então, demonstrar que você se manteve ocupado, fazendo coisas úteis, como projetos de consultoria, como freelance, exercendo atividades voluntárias para a igreja ou a comunidade, organizando eventos para a coleta de fundos para obras meritórias, adquirindo novos conhecimentos ou se atualizando, etc.
3. Diga-me o que você poderia ter mudado no seu último emprego?
Tenha muito cuidado na resposta, pois ela pode voltar-se contra você. Dependendo daquilo que você responder, a próxima pergunta será:
E o que você fez para mudar a situação?
ou
Porque você não fez nada para mudar?
Você não pode falar mal de colegas ou de superiores; também não pode demonstrar desacordo com as políticas ou estratégias da empresa, a não ser que você tivesse acesso a todas as informações e pudesse opinar sobre o assunto no círculo de dirigentes.
Em resumo, muitas das possíveis respostas podem incluí-lo como parte do problema ou como omisso na situação.
Há respostas mais neutras, como:
Sob o ponto de vista de pessoal e de processos a empresa estava bem estruturada. Claro que havia a possibilidade de melhorias, mas essas não iriam mudar fundamentalmente o panorama. Nossa principal deficiência era:
- A empresa precisava atualizar a sua infraestrutura de facilidades, mas não tinha recursos nem crédito para tal.
ou
- Estávamos investindo na adequação da linha de produtos ao mercado internacional, mas o processo era lento devido a limitações de capital e restrições de crédito.
ou
- Mudanças tecnológicas recentes colocaram no mercado produtos substitutivos mais baratos e de boa qualidade e a empresa sofreu com o novo nível de concorrência.
4. Fale-me a seu respeito
Não se estenda excessivamente neste tópico; sua resposta deve durar 2 a 3 minutos (e, é possível falar muito nesse tempo).
Sugestões:
Resposta 1
Fale de sua formação educacional, como uma história:
“Sou formado em Administração de Empresas na faculdade xxx e concluí o MBA em finanças na escola yyyy”
Dê uma pincelada rápida sobre o histórico de sua carreira, começando pelo primeiro emprego, cargos ocupados e empresas para as quais trabalhou, do tipo:
“Iniciei minha carreira como analista de métodos e processos numa empresa têxtil, onde cheguei até o cargo de Assistente do Diretor Industrial. Desse ponto em diante minha carreira evoluiu na gestão de produção e fábricas em empresas nacionais e multinacionais, até que mais recentemente cheguei ao cargo atual”.
Descreva em poucas palavras suas responsabilidades atuais.
“Minhas principais competências são (se você se preparou para competir sabe quais são elas) e minhas habilidades são (vale o mesmo comentário)”.
Resposta 2
Descreva-se de maneira auto elogiosa, como, por exemplo:
“O que eu posso dizer é que eu sou proativo, motivado, dinâmico e focado em resultados; sou também cooperativo e trabalho bem em equipe. Eu sou um bom comunicador e consigo motivar as pessoas para perseguir seus objetivos”.
“Energia e entusiasmo são contagiosos e eu fui infectado pelos dois. Como resultado, as equipes nas quais eu tenho trabalhado também são infectadas e se tornam bem-sucedidas”.
“Eu sou persuasivo, um bom ouvinte, sensível ao meu ambiente e àqueles ao meu redor. Valorizo a excelência”.
Resposta 3
A terceira possibilidade é mencionar coisas importantes que não estão explícitas no seu currículo e que não podem ser traduzidas em resultados econômicos para a empresa.
É, por exemplo, contribuições feitas para o fortalecimento da imagem da empresa ou fidelização de clientes etc. Veja, a seguir, o exemplo de uma resposta hipotética:
“Há coisas das quais eu me orgulho de ter feito e que não constam do meu currículo, pois são difíceis de descrever e nem sempre estão relacionadas a resultados para a empresa”.
“Um dos ensinamentos que eu recebi de um dos meus chefes e que teve um impacto muito grande na minha carreira, foi o conceito de que um problema de qualidade pode ser uma grande oportunidade para fidelizar um cliente. Tudo depende de como a empresa reage” (Conte um caso no qual a sua empresa entregou produtos defeituosos e como atuou com agilidade para resolver o problema causado no cliente, que ficou satisfeito e elogiou o empenho demonstrado. Como decorrência, a sua empresa foi eleita como fornecedor preferencial dele).
5. Explique para uma criança de 8 anos de idade o que é a Internet das Coisas. (ou o que é uma hipoteca, ou o que é logística etc)
O entrevistador está testando três aspectos:
- o quanto você se mantém atualizado com relação às mudanças que afetarão o mundo dos negócios,
- sua capacidade de entender os fatos conceitualmente e
- a habilidade para traduzir esses conceitos em expressões simples e tangíveis, para a compreensão de todos.
Com isso ele poderá avaliar sua capacidade de análise e de síntese, seu raciocínio lógico e, principalmente, a capacidade de comunicação.
Uma possível resposta
“A Internet das Coisas é a grande inovação do uso da internet, que irá mudar a vida de todos. Até pouco tempo atrás, a Internet era usada para conectar pessoas através de mensagens (e-mail, WhatsApp, SMS etc.) e
para a divulgação de informações, como o Youtube, o Google e tudo o mais.
A próxima aplicação é o uso da Internet para conectar coisas. Por exemplo, as ruas vão ter sensores para controlar a quantidade de veículos que estão passando e isso vai controlar o tempo verde e vermelho dos semáforos. Mas se uma ambulância ou carro de bombeiro precisar fazer o trajeto, o sistema vai saber que a rua está congestionada. Como os carros da emergência também estão conectados, o sistema vai desviar os veículos para outra rota. E assim por diante”.
6. O que a pessoa que mais de detesta falaria de você?
Inicie a resposta com uma obviedade humorística do tipo:
“Está claro que ele ou ela não irá me elogiar, mas tomará a oportunidade para me desancar”.
Em seguida, descreva aquele que você considera o seu maior defeito, mas que, na essência, pode ser considerado uma qualidade, como teimosia, impaciência ou obstinação, com frases do tipo:
“Provavelmente ele (ou ela) falará da minha teimosia em insistir naquilo que eu me proponho fazer, mesmo quando aparentemente tudo está dando errado. As pessoas acham até mesmo odiosa essa minha atitude de passar 24 horas por dia ligado no assunto. Mas, no fim, eu sempre consigo encontrar um meio de atingir o objetivo”.
ou,
“O que mais incomoda as pessoas ao meu redor é a minha impaciência com coisas malfeitas. Eu não sou uma pessoa do tipo “certinho”, mas quero seriedade e dedicação naquilo que é importante. Quando as coisas não funcionam como deviam, eu chego a ser muito desagradável”.
ou,
“Aquilo que as pessoas consideram que eu seja obstinado, na realidade trata-se de ser capaz de buscar insistentemente o objetivo, sendo criativo o tempo todo na busca de alternativas diante dos problemas. Alguns consideram os obstáculos como desculpas para não realizar; eu encaro os obstáculos como desafios à minha imaginação”.
7. Houve alguma ocasião em que as soluções tradicionais não resolveram um problema?
O objetivo do entrevistador é avaliar o quanto você é criativo e atualizado com relação ao mundo empresarial.
Se você tiver um caso real ou uma situação para descrever na qual você teve que encontrar um novo meio para resolver um problema pois a orientação tradicional não se aplicava ou não estaria dando certo, conte. Seja sucinto e objetivo; não se estenda em detalhes.
Na eventualidade de nada similar ter ocorrido, fale a respeito de sua atitude profissional, com frase do tipo:
“A pergunta mais importante que se deve fazer ao longo de toda a vida é: “porque”? As circunstâncias e o ambiente nunca são iguais; mudam o tempo todo. Eu procuro manter a flexibilidade, não me apego ao tradicional e me pergunto o tempo todo se há algo que justifique manter a mesma decisão de antes, diante de um problema, ou se existe um meio mais eficaz de resolve-lo”.
8. Conte-me um caso em que a equipe não concordou com a sua decisão.
O entrevistador não está interessado em compreender a situação e o caso ocorrido, pois isso não tem nenhuma importância. O seu objetivo é avaliar como você reage sobre pressão e como você age para anular ou contornar qualquer oposição.
Encare esta pergunta, então, como uma oportunidade para demonstrar suas habilidades de lidar com condições adversas e, portanto, não é boa estratégia responder que você nunca esteve diante de uma situação como essa. Com certeza, alguma vez na sua carreira, você tomou decisões que tenham provocado, pelo menos, umas reações amuadas na equipe.
Descreva esse fato sem entrar em detalhes excessivos, falando coisas como:
“Uma vez eu tive que lidar com a reação contrária da equipe numa situação em que foi necessário cancelar uma ordem anterior, num assunto que envolvia aspectos confidenciais do negócio. As pessoas já tinham compromissos assumidos e foi necessário reprogramar as agendas e perder grande parte dos planos já desenvolvidos”.
“Eu tive que agir com energia para imediatamente anular as reações negativas, com o exercício de uma dose equilibrada de autoridade e de persuasão. Expliquei os motivos da decisão, que ela não estava sendo influenciada por sentimentos e opiniões pessoais minhas e de como isso traria resultados benéficos par a empresa. As pessoas são bem razoáveis quando tratadas com respeito e consideração” (Veja que essa explicação cabe até mesmo para aquela vez em que você teve que cancelar uma folga programada para sexta-feira quando havia um feriado na quinta).
9. Como você reage quando o seu supervisor muda uma decisão que você tomou?
Não é o fato que importa, mas a compreensão de como você lida com uma situação como essa e quais as suas reações.
“Raramente isto aconteceu comigo, pois eu sou uma pessoa de diálogo e sempre sou cauteloso na tomada de decisão, discutindo previamente o assunto com as pessoas que serão afetadas. Mas houve casos em que eu me defrontei com ordens superiores para mudar o que havia decidido”.
“O mais importante é não permitir que sentimentos pessoais de revolta ou frustração interfiram no meu comportamento. Ao mesmo tempo, é necessário preservar a confiança e a lealdade da equipe, não deixando transparecer o que realmente ocorreu. O melhor, nesses casos, é reconhecer perante o grupo que eu errei e corrigir a orientação dada”.
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