É interessante observar a distorção conceitual que ocorre, de forma
geral, nos setores de Recursos Humanos da grande maioria das empresas (senão em todas elas). Ao longo do tempo, as atividades de RH foram absorvidas (ou tomadas) por profissionais com formação em psicologia.
Entretanto, esse fato não resiste à lógica, pois implica no conceito de
que a atividade das organizações é baseada no trabalho individual, o que não é verdade.
As organizações foram criadas porque o trabalho pode melhor ser realizado
e os objetivos podem ser mais efetivamente atingidos em grupo; melhor do que por indivíduos isolados. A lógica, então, é de que trabalhar colaborativamente originará maiores benefícios. Essa verdade é constatada até mesmo nas mais rudimentares comunidades indígenas, onde a caça é fruto do esforço coletivo e coordenado do grupo.
Exatamente essa lógica nos leva a concluir que RH deveria ser o reinado
de sociólogos ou, melhor ainda, de antropólogos! Não há qualquer dúvida de que uma organização é um fato social!
O foco no indivíduo, por seu lado, provoca alguns efeitos perniciosos.
Tomemos, por exemplo, os sistemas de recompensas. A grande maioria foi
desenvolvida para premiar o bom desempenho individual, ao invés de bonificar o esforço da equipe. Poderão alguns contra argumentar que, na sua empresa, em particular, o sistema também incentiva ações de cooperação. Contudo, nos casos que eu conheço, parte substancial da premiação ainda é relacionada a objetivos pessoais.
Entretanto, o interesse real da organização é que os funcionários
trabalhem melhor em equipe! E que assegurem alto desempenho, complementando-se entre si nas suas limitações e excelências. Ou seja, sistemas de recompensa deveriam incentivar a cooperação e a colaboração ao invés de focar a produtividade individual.
Há casos de experiências interessantes nesse tema. Por exemplo, criar um
sistema no qual os funcionários são incentivados a denunciar colegas que sejam flagrados prestando assistência a um cliente ou a um colega de trabalho. O fato é analisado por um comitê, liderado por RH, que decide se a ação merece ser exaltada. Caso se confirme o mérito, o funcionário recebe um adesivo, com ampla divulgação no grupo, através de pequena cerimônia, o qual é colado no seu Cartão de Méritos, por ter realizado uma ação que vai acima e além dos requisitos do seu cargo. Ao preencher um cartão de méritos com 12 adesivos ele recebe uma placa para ser exposta permanentemente na empresa.
Saiba mais sobre o assunto em Dança com lobos.