Possuir mais de 50 anos não é um problema: é uma característica.
Sendo uma característica, ela é imutável como parte do panorama envolvendo a situação de estar desempregado(a) e, portanto, não deve ser motivo de preocupação.
Em decorrência, o objetivo real passa a ser de como transformar a idade numa característica positiva que engrandeça o poder competitivo do profissional no mercado de trabalho. Seguem-se algumas orientações.
Usar intensamente a sua rede de relacionamentos (network)
Pessoas mais maduras têm a vantagem de possuir uma rede de relacionamentos mais desenvolvida. Aproveite disso como sua vantagem competitiva. Faça uso de todas as conexões que possui, seja aquelas on line (Linkedin, Facebook, Tweetter etc) seja também as off line.
Sempre que tiver a intenção de entrar em contato com alguém de sua rede, estabeleça previamente (de preferência por escrito), qual o objetivo que deseja atingir. Seus relacionamentos podem ser usados para:
- Ampliar a própria rede, adicionando contatos em organizações ou segmentos do seu interesse;
- Informar sobre empresas que estejam contratando e possíveis vagas existentes;
- Caso você venha a participar de um processo de seleção, receber de pessoas do seu relacionamento informações privilegiadas a respeito da empresa e do perfil do selecionador. Receber também detalhes a respeito da empresa em questão, sua estrutura, eventuais problemas com os quais se esteja defrontando, cultura etc.;
- Indicar você para uma vaga existente;
- Recomendá-lo(a) para uma posição em aberto;
Ser recomendado para um cargo simplesmente triplica as suas chances de ser chamado para uma entrevista. Ser o candidato vitorioso, por seu lado, vai depender do seu desempenho no processo de seleção, ou seja, em que
medida conseguiu estabelecer uma presença marcante.
Acima de tudo, mantenha um agudo senso de prioridades e de urgência.
Tomando conhecimento da existência de uma vaga, não procrastine: envie imediatamente o seu currículo, propondo-se para a posição. A experiência
mostra que 50% dos contratados enviaram o currículo na primeira semana após a veiculação da oportunidade e 75% o fizeram durante as três primeiras semanas da mesma.
Concentrar-se nas informações recentes mais importantes
O currículo, conceitualmente, é diferente do registro no Linkedin. Neste você relaciona sua experiência profissional completa, incluindo todas atividades desenvolvidas e suas realizações.
Já o currículo executa a função de um catálogo, ressaltando para o eventual futuro empregador as características de sua carreira e experiência que são mais adaptadas às necessidades dele, seja para um dado cargo ou seja como contribuição para a própria empresa. Elimine as informações que não sejam relevantes para esses objetivos.
Um currículo longo, com muitas experiências, simplesmente reforça no selecionador a imagem da sua idade avançada, ao invés de realçar seus talentos. Reduza-o, então, cobrindo aproximadamente os últimos 15 anos de sua carreira.
Caso, para ilustrar algo de importante que tenha realizado, seja relevante descrever realizações ou grandes projetos do passado, não baixar a guarda, manter-se em alerta e evitar o uso de palavras como mimeógrafo, cabograma, telegrama, telex, fax, Orkut e tantas outras, pois estas terão o efeito de uma seta em neon apontada para sua cabeça …(neon? Hoje em dia não é o tal de Led? Ops! Falha minha), isto é, terão o efeito de uma seta de Led apontada para sua cabeça, piscando: VELHO! ULTRAPASSADO! – VELHO! ULTRAPASSADO!
Procurar identificar empresas que valorizam a experiência.
Concentrar-se nos mercados mais prováveis é sábio.
Enviar currículos ou tentar contatar organizações cuja cultura ou características priorizem os mais jovens é uma forma eficaz de alimentar os sentimentos de rejeição e de autocomiseração. A lógica diz ser preferível estabelecer como alvo empresas que queiram contratar profissionais experientes, com a capacidade de serem produtivos desde o primeiro dia.
Por exemplo:
- Empresas que atendem clientela de maior idade tendem a preferir trabalhar com funcionários mais experientes, não somente na área comercial, mas em toda organização. Este é o caso, por exemplo, de entidades financeiras que atuam em mercados não massificados.
- Empresas profundamente afetadas pelas circunstâncias econômicas tendem a preferir profissionais com grande vivência, pois elas não possuem tempo, nem recursos, para desenvolver pessoas internamente (desejam contratar quem que venha para ensinar e não para aprender).
- Organizações que atuam com produtos ou serviços nos quais a inovação é lenta (vidro, cimento, siderurgia, seguradoras, locadoras, incorporadoras, mineradoras etc) tendem a valorizar a experiência e a estabilidade de profissionais mais amadurecidos.
- Organizações com fins não lucrativos, como as OSCIPs não querem se defrontar com os problemas de turnover ocasionados por jovens ambiciosos e impacientes por carreira rápida.
- Startups ou empresas em implantação sentem-se mais confortáveis com profissionais mais vividos, que conferem segurança aos processos, não tomam decisões precipitadas ou baseadas em avaliações incompletas das circunstâncias e têm a seu favor o conhecimento multifacetado dos diferentes assuntos, adquirido através dos anos.
Manter-se atualizado
Acompanhar as tendências do segmento de negócios que lhe interesse, tendências essas não somente as tecnológicas, com também se mantendo “por dentro” dos fatos importantes ocorridos nas estruturas das empresas, novas contratações, demissões, executivos importantes atraídos, quem são os líderes de opinião nos negócios etc.
Para isso, juntar-se a Grupo de Discussão focado no segmento, seguir blogs, inscrever-se no Google para ser notificado de acontecimentos e publicações importantes no setor, idealmente criar um grupo de desempregados do segmento, seguir o Facebook etc. Todo o empenho é feito no sentido de estar ligado ao topo do que está ocorrendo.
Lembrar-se de que quem não é visto, não é lembrado e que quanto mais pessoas conhecer, mais vai aprender e maior a probabilidade de encontrar a oportunidade de emprego.
Aprimorar suas qualificações seletivamente, segundo uma estratégia bem definida.
Quando encarando o desemprego, muitas vezes, o profissional se dá conta de que há anos, muitos anos, não exerce nenhum esforço de atualização, não leu revistas ou artigos especializados no seu ramo de atividades, não participou de nenhum congresso, workshop ou reunião de negócios, não compareceu a nenhum curso de reciclagem ou de atualização, não leu livros sobre assuntos profissionais, afastou-se da associação dos ex-alunos de sua turma e nem mesmo conversa com pessoas de mesma profissão para saber das novidades.
Nesse momento lhe acomete uma profunda dor na consciência e ele(a) resolve “fazer alguma coisa”. Resultado: inscreve-se num programa de MBA! Porque? “Porque todo mundo faz” (ou porque está na moda).
Decisão totalmente equivocada.
A lógica nos diz que o desempregado não gasta seus recursos, que são escassos, num investimento de retorno duvidoso, como é fazer um curso qualquer, sem justificativa estratégica de carreira. Qualquer programa de aprimoramento de qualificações a ser seguido, deve obedecer a uma decisão intencional de cobrir alguma lacuna nos conhecimentos do profissional, de forma a torna-lo mais competitivo nos processos de seleção dos quais venha a participar.
Ou seja, corresponde a reconhecer que existe em algum
aspecto das suas qualificações uma fragilidade conceitual e demonstrar ao
eventual futuro empregador que está consciente desse fato e de que, pró
ativamente, está trabalhando para saná-la. Isto engrandece o valor do
profissional.
O programa GRADUS de recolocação profissional, pode ser instrumental nessas decisões. O primeiro passo do programa é a viagem pelo autoconhecimento, consubstanciado no levantamento de seu patrimônio profissional, cobrindo os aspectos de competências, realizações, habilidades, conhecimentos e preferências.
Este levantamento, além de ser a base para toda a estratégia de busca da oportunidade profissional, fica registrado, permanentemente à disposição do profissional, e é o fundamento para o planejamento de sua carreira. Este planejamento é a resposta às duas indagações fundamentais que todo profissional se faz:
- “Como conduzirei a evolução de minha carreira e o que serei nos próximos anos”?
- “Quais as ações que devo tomar para levar a carreira a esses objetivos fixados”?
Os recursos disponíveis no universo digital franqueiam ao profissional o acesso a um mundo de informações. Webinars, publicações, cursos etc. gratuitos ou a custo simbólico, fazendo da atualização uma atividade gratificante e quase sem custo.
Repetindo-me: o importante é estar em condições de justificar, para si próprio e eventualmente para terceiros, o porquê de estar investindo num dado programa de formação.
Treinar para as entrevistas
O mundo mudou. Como regra geral, profissionais com 50+ tiveram poucos empregos durante sua carreira (o tempo médio de permanência por emprego, para pessoas nessa faixa de idade, é de cerca de 8,2 anos; por outro lado, pessoas de gerações mais recentes apresentam tempo médio de permanência por emprego um pouco abaixo de 3 anos). Em decorrência, tratam-se de pessoas com pouca experiência em participar de processos de seleção e que poucas vezes na vida (3 ou 4 vezes) estiveram submetidos a entrevistas de emprego.
Participar com sucesso de uma entrevista requer preparação. Sobre o assunto, leia:
DISPUTAR EMPREGO É COMO CORTEJAR UMA DONZELA
PERGUNTAS SURPREENDENTES NAS ENTREVISTAS
O CORPO FALA: COMO CRIAR UMA IMPRESSÃO POSITIVA DURADOURA
COMO NÃO SER CORTADO NA PRIMEIRA ENTREVISTA
Adquira, se considerar válido, o e-book “COMO DAR RESPOSTAS EFICAZES NA ENTREVISTA, clicando aqui.
Considerar que a entrevista é uma espécie de minueto, no qual os atores vão “dançar” um enredo, dentro de uma encenação previsível. O entrevistador sabe o que quer perguntar e sabe quais as conclusões que irá tirar a partir do que ouvir. O entrevistado deve saber o que o outro espera ouvir e, em decorrência, responderá as perguntas segundo o script.
O entrevistado tem um único objetivo: dominar a entrevista, o que requer o domínio de determinadas técnicas. Contudo, nenhum ator performático, seja artista, cantor ou bailarino, entra no palco sem ensaiar. O mesmo deve fazer o profissional. Novamente, menciono, que o programa Coaching GRADUS prepara o profissional para esse ato.
Mas, independentemente desse programa, o profissional pode preparar-se, imaginando as possíveis perguntas que lhe farão, perguntando aos amigos o que lhes foi perguntado na última vez que participaram de uma entrevista, buscando literatura sobre o assunto no universo digital etc.
Usar intensamente o espelho; veja-se respondendo às perguntas e responda: “Pareço convincente”? “Minha postura é, ao mesmo tempo, séria e descontraída”? “Estou transmitindo segurança e profissionalismo”? “Como está o meu tom de voz”? (Para isso, grave no celular as suas respostas e a aprimore sua entonação).
Estar alerta para os tópicos de caráter pessoal. Um entrevistador amistoso pode levar o candidato a “baixar a guarda” com perguntas de caráter pessoal e o profissional, fragilizado pela situação de desemprego, pode entrar em assuntos que o prejudicam, como falar de problemas de saúde que eventualmente possua, situações familiares tensas, intemperança e “uma cervejinha a mais” etc., que acabarão por adicionar uma contribuição negativa à sua avaliação, muitas vezes cortando-o do processo.