“Dança com lobos” é um filme que me chamou a atenção pelos ensinamentos que nos transmite a respeito de liderança e de reconhecimento.
O personagem principal, vivido na tela por Kevin Costner, é enviado para
um posto distante do exército, onde passa a viver sozinho e afastado de tudo.
Por uma série de circunstâncias, acaba aproximando-se de uma tribo indígenas, com os quais passa a conviver.
No aspecto de liderança, ela é personificada na figura do chefe da
tribo. Contudo, deve-se entender que o conceito de “chefe” corresponde a uma interpretação distorcida da realidade, pois ele decorre do nosso padrão cultural, o qual pressupõe que todo grupo deve possuir um membro que manda em tudo. Não é esse o papel do assim chamado “chefe” da tribo.
Ninguém lhe deve obediência irrestrita e suas decisões não são lei. Na realidade, ele faz o papel de catalizador dos desejos do grupo e toma decisões levando em conta o pensamento e a opinião dos membros. E o nosso “chefe” se vale da esposa para interpretar o sentimento do grupo.
Na parte heroica da história, a tribo defronta-se com o risco da fome,
por falta da carne de bisão. O homem branco, estranho na tribo, é a pessoa que localiza a manada e tem participação importante na caçada. Inclusive, salva a vida de um adolescente, que estava em perigo de ser atacado por um búfalo, matando o animal com um tiro preciso, no momento exato.
Ele é o herói daquele momento.
Contudo, os instrumentos tradicionais dos quais nossa sociedade
materialista se vale para conceder o reconhecimento pelo trabalho bem feito, e que estão tão fortemente impregnados na nossa cultura a ponto de sequer imaginarmos a existência de alternativas para os mesmos, não estão disponíveis na tribo.
Não há como conceder um bônus ou incentivo financeiro numa sociedade que não utiliza dinheiro. Não há como promover a pessoa num grupo onde inexistem relações hierárquicas. Não há como conceder a premiação através de quotas ou ações de propriedade da tribo.
Entretanto, toda a ambientação da comemoração à noite demonstra
claramente que o nosso herói é o centro do reconhecimento do grupo e que o seu feito é contado e recontado para fixar-se na memória da tribo e se perpetuar através da tradição oral.
Há um detalhe importantíssimo nesse episódio: o reconhecimento não é
feito pelo “chefe”; não existe o tal aperto de mão e tapinha nas costas com a
frase “bom trabalho”. O reconhecimento é feito pelo grupo todo!
Claro! Tudo isso somente funciona se o grupo tiver objetivos compartilhados, considerados válidos!
Acredito que nossos gestores têm nesse filme bastante informações para refletir.