Desde que ficou desempregado você já enviou dezenas de currículos e teve poucas ou nenhuma resposta.
Você está até mesmo chocado com aquilo que lhe parece ser uma falta de cordialidade ou de respeito, pois não lhe enviaram nem mesmo uma pequena nota, por e-mail ou SMS, informando que receberam o seu CV e que você não tem o perfil requerido pela função.
Entenda o porquê disso.
Na pressão de resultados estabelecida pelo mundo em que vivemos, combinada com a enorme quantidade de informações que cada pessoa tem
que absorver, ninguém, nem mesmo você, pode-se dar ao luxo de ser ineficiente.
Você preparou seu currículo com esmero e dedicação. Avaliou e estudou cada palavra e cada frase, no empenho de traduzir o mais fielmente possível suas qualificações.
Todo esse empenho parte do pressuposto de que alguém (provavelmente o selecionador) irá ler a analisar em detalhes o seu currículo, procurar interpretá-lo, identificando seu conteúdo e seu valor profissional, confrontando-o com os requisitos do cargo em aberto.
Esqueça; não é assim que as coisas funcionam.
O selecionador recebeu uma quantidade de currículos maior do que ele desejava (digamos, 50 currículos, com, em média, duas páginas cada).
Ler em detalhes cada um deles demandará cerca de 3 minutos (esta é uma
estimativa otimista, válida para alguém treinado e leitura dinâmica). Ou seja, a leitura de todos terminará após 150 minutos, ou duas horas e meia (isso pressupondo que ele não pare nem para um cafezinho). Ao terminar de ler o último, o selecionador se dá conta de que não lembra mais do primeiro que leu, nem do segundo, nem do terceiro.
A tarefa é ainda mais ingrata, pois, se todos os currículos pertencem a pessoas de mesma profissão, que é provavelmente o caso, todos descrevem pessoas com responsabilidades e atividades muito semelhantes. Faça você mesmo a experiência: leia o currículo de 10 pessoas de mesma profissão (por exemplo, 10 Controllers, 10 Assistentes Financeiros, ou 10 Diretores de
Marketing, 10 Analistas de Sistemas, 10 Assistentes de Recursos Humanos ou até mesmo 10 CEOs). Todos descrevem atividades e responsabilidades muito semelhantes!
Nesse momento entra em cena o enfoque negativo aplicado ao processo:
Num prazo de 7 a 10 segundos o selecionador jogará o seu currículo na pilha da esquerda (inadequados) ou da direita (vou ler em detalhes).
Primeira conclusão – Você não pode ter um currículo padronizado, sempre igual, que você envia para todas as empresas e todas as oportunidades. É obrigatório que você estude e analise em detalhes cada caso, pesquisando sobre a empresa e, até mesmo, sobre a pessoa que irá selecioná-lo, ajustando o seu currículo para que seja competitivo nesse caso específico. Deve colocar ressaltadas, logo no início, em uma ou duas frases, as qualidades que o fazem candidato ideal para o cargo, a fim de ultrapassar a barreira dos 7 a 10 segundos iniciais fatais.
Acorde! Estamos no século XXI
Os recursos da Internet e da editoração de textos permitem que você customize o seu currículo em função de cada vaga para cada empresa.
Outros motivos
Apresente-se quando for candidato viável
Todo o cargo apresenta requisitos técnicos (saber fazer) e requisitos comportamentais (adequação cultural). Somente apresente-se como candidato quando você atender a, pelo menos, 70% dos requisitos técnicos
estabelecidos para a função. Caso contrário, você estará tão somente
alimentando sua síndrome de rejeição.
Todo cargo possui alguns requisitos que são essenciais e sua ausência é impeditiva do exercício da função, tais como: registro no CRC, fluência em idioma estrangeiro, experiência no segmento específico no qual a empresa atua etc. Apresentar-se como candidato quando não atende a requisitos essenciais é tão somente uma forma de elevar a sua autocomiseração, com lamentações do tipo do “ninguém me quer” ou “eu não sirvo para nada”.
Esteja na proximidade da ação
Você tem que estar disponível nas proximidades da ação, pois a dinâmica do processo exige reações rápidas. A não ser que você possua uma especialização muito rara ou que seja um executivo sênior com uma história impressionante de sucessos, você tem que residir a uma distância razoável da localização da empresa. É muito difícil para alguém que mora em Fortaleza participar de processos de seleção em Porto Alegre. A situação é ainda pior, quando se trata de um profissional residindo no exterior.
Priorize o seu desejo
Somente apresente-se como candidato caso corresponda a um trabalho que você deseja. Você vai dispender 40 a 50 horas por semana na função e precisa ser algo que lhe dê prazer em realizar. Felicidade profissional é
fazer o que gosta e ser pago para isso; e quem faz o que gosta o faz bem feito e é bem-sucedido. Quem não atende a esse quesito, em pouco tempo se vê novamente procurando emprego.
Conclusão
Ninguém tem tempo a perder e, portanto, não tenha a ilusão de que, muito embora você não esteja plenamente qualificado para o cargo você conseguirá convencer o selecionador usando o charme pessoal e sua personalidade marcante.
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